terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Em tempo de crise

O coração das pessoas deste princípio de século anda povoada de inquietações e de medos inibidores. O desemprego, a instabilidade dos postos de trabalho, a falta de segurança pessoal, material e afectiva bem como a incerteza do futuro são fantasmas a ensombrar o seu quotidiano. E tudo isto parece querer degenerar agora em pessimismo, angústia e pânico com o aparecimento repentino e inesperado, mas previsível, da grave crise financeira que fez abalar o mundo. Os olhos fixam-se diariamente na Bolsa e nos bolsos, em aflitiva interrogação. Temos de reconhecer que, já há algumas décadas atrás, se inaugurou um estilo de vida perfeitamente insustentável. E as pessoas foram-se habituando através de uma publicidade fraudulenta e enganosa, a viver acima das suas possibilidades económicas onde o recurso ao crédito funciona como autêntico balão de oxigénio, o que, inevitavelmente, haveria de conduzir ao colapso e à falência do sistema financeiro. E isto a par de escandalosas assimetrias na distribuição do dinheiro.
Na cultura actual, caracterizada pela ausência de valores humanos e cristãos, onde já não há lugar para a transcendência, os acontecimentos que nos envolvem merecem uma lúcida e serena reflexão.
Dizia alguém que, perante qualquer contratempo ou adversidade, a atitude correcta consiste não em procurar saber o motivo que os derterminou mas sim a sua finalidade. Assim, pode dizer-se que os presentes acontecimentos constituem um sério alerta para nos habituarmos a viver com sobriedade, simplicidade e modéstia, norteados apenas pelo paradigma de uma vida digna e conforme à realização integral da pessoa humana. É tempo de sepultar o egoísmo, a ambição, o luxo desmedido e a provocante ostentação do poder e da riqueza.

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