quarta-feira, 4 de março de 2009

Latas

A folha de aço estanhado é um dos materiais de embalagem mais vulgares. Teve origem em oficinas da Boémia e da Saxónia, no século XIII, que mantiveram o segredo de fabrico durante muito tempo. Nos séculos seguintes, a chapa de aço estanhado foi exportada para toda a Europa a partir da Flandres, e é essa a razão porque ainda hoje este material é designado de “folha-de-flandres”.

O desenvolvimento das embalagens em folha-de-flandres foi feito em França e Inglaterra desde o início do século XIX. Em 1809, Nicolas Appert descobriu um novo processo para conservação prolongada de alimentos: a esterilização a quente seguida de acondicionamento em embalagem estanque. No ano seguinte, Peter Durand aplicou esse princípio à embalagem metálica. Foi assim que surgiu a chamada “lata de conserva”.

A chapa de folha-de-flandres é um produto de siderurgia: tem origem nos minérios do ferro (pirites, hematites, etc.). a chapa de aço é revestida por uma fina camada de estanho, dando origem à folha-de-flandres. Esta é impressa e transformada por sucessivas etapas de embutição-estiragem, dobragem e soldadura, até surgir a embalagem. Em 1963, o norte-americano Ernie Fraze inventou a “abertura fácil”, uma inovação prática que contribuiu para o a generalização das latas de conservas e das latas de sumos e outras bebidas. A latas são também muito utilizadas para tintas, colas e vernizes, óleos, solventes, etc. Em função do conteúdo, o interior das latas pode ter uma fina camada de revestimento orgânico que impede o contacto do produto com o metal.

Outro material metálico usado para fabricar embalagens é o alumínio, obtido a partir de um minério de bauxite. As latas de alumínio são hoje utilizadas para conter sumos e refrigerantes com gás, alimentos, produtos de higiene, químicos, etc.
Os alumínio é um metal muito leve, resistente à oxidação e pouco permeável aos gases – características que o tornam adequado para embalagem. No entanto, a sua extracção a partir da bauxite é uma indústria de elevado consumo energético.
Os dois materiais são muito fáceis de distinguir. As latas de folha-de-flandres, como a generalidade dos materiais ferrosos, são atraídas por um magneto (íman). O mesmo não sucede com o alumínio.

Reduzir

As embalagens metálicas são quase sempre embalagens sem retorno, isto é, não reutilizáveis. No entanto, isso não impede que haja um redução dos resíduos resultantes das latas usadas. De facto, ao longo dos últimos anos, os processos de fabrico têm evoluído no sentido de fabricar embalagens com menos matéria-prima, o que se traduz em menores espessuras e pesos. O consumidor dá conta disso ao verificar que as embalagens metálicas se tornam cada vez mais flexíveis.

Reutilizar

Pelas razões já indicadas, as latas não são reutilizáveis. No entanto, para algumas embalagens metálicas de grande capacidade, como é o caso dos “bidões”, a reutilização é frequentemente adoptada pelos seus utilizadores.

Reciclar

Regra geral, todos os materiais metálicos usados podem ser recuperados e novamente fundidos. É bem conhecida a reciclagem da sucata de ferro, que se processa nas siderurgias. As embalagens metálicas seguem o mesmo procedimento, podendo ser recicladas nas siderurgias ou nas fundições de alumínio. A reciclagem dos metais a partir de objectos usados contribuí fortemente para a poupança de recursos naturais (minérios) e permite grande redução de gastos energéticos.

No caso das embalagens de alumínio, designadamente as latas de líquidos alimentares, há tecnologias que permitem fazer embalagens novas utilizando unicamente embalagens usadas. Em termos de produção, o alumínio obtido a partir de embalagens consome unicamente 5% da energia necessária para produzir a partir de matérias-primas minerais. Daí a importância da recolha das embalagens para reciclagem.

No nosso País, essa recolha está ainda pouco desenvolvida, apesar dos louváveis esforços de algumas Câmaras, que já colocaram contentores para esse fim na via pública. Importa expandir e diversificar os sistemas de recolha, informar e motivar os cidadãos a participar, bem como implementar unidades de reciclagem de acordo com as quantidades de metais a reciclar.

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