quarta-feira, 4 de março de 2009

Papel

Está estabelecido que foi na China que se fabricou a primeira folha deita de pasta de papel. No primeiro século da era cristã , Tsai Lun mandou bater conjuntamente farrapos de seda e cascas de amoreira, misturando-as em águas. Posteriormente, crivou as fibras separadas pelo batimento numa forma feita de finas lâminas de bambu e entrelaçadas, obtendo folhas de papel que eram postas a secar ao sol.

As tecnologias de fabrico de papel têm sido objecto de inúmeros esforços de investigação e de transformação, procurando-se uma maior eficiência e eficácia do processo de produção, bem como na qualidade do produto final. Embora exista uma variedade enorme de tipos de papel, que se fabricam das mais diversas maneiras, as bases do processo não se afastam do conceito clássico de Tsai Lun, comas suas quatro operações: mistura de fibras vegetais em água, drenagem, prensagem e secagem.

A nossa civilização tem levado a um progressivo aumento da procura de papel para utilização, quer nos meios de comunicação, quer em embalagens. Este material tem condições para ser um produto aceitável do ponto de vista ecológico, visto que é produzido a partir de uma matéria-prima renovável, sendo reciclável e biodegradável

Torna-se, no entanto, necessário salientar os impactes ambientais negativos da produção de papel, os quais são decorrentes da desflorestação (monoculturas de espécies mais rentáveis e consequente diminuição da biodiversidade, erosão e exaustão de solos, abaixamento do nível freático e secagem dos poços), da produção intensiva de pasta (poluição atmosférica com emissões de ácido sulfídrico e mercaptanos e dióxido de enxofre), e do papel (poluição dos aquíferos com elevadas quantidades de produtos químicos-biocidas, branqueadores ópticos, correctores de humidade e de viscosidade, vernizes, etc. – utilizados no processo). Por outro lado, o branqueamento da pasta de papel, no caso de ser feito com cloro (poluição dos aquíferos com compostos organoclorados, dioxinas, de elevado grau de toxidade, bioacumuláveis e persistentes), e a eliminação dos resíduos originados na produção (produção de lamas com concentrações elevadíssimas de produtos tóxicos resultantes de todo o processo e aumento de resíduos decorrentes do consumo de produtos), também originam impactes no meio ambiente, quando não existem nas fábricas os adequados tratamentos de efluentes.

Vivemos numa sociedade de consumo e desperdício, em que o consumo é uma consequência da prosperidade, dando origem a sub-produtos e resíduos considerados sem utilidade, o que faz realçar a preocupação de reduzir, reutilizar e reciclar o grande volume de resíduos sólidos, quer domésticos quer industriais, de forma a permitir a sua reintrodução nos ciclos de mercado.
Por outro lado, o desenvolvimento da indústria de papel e cartão, as necessidades de matérias-primas, os sistemas de recolha de papéis velhos e do seu tratamento apelam necessariamente a uma estreia colaboração entre produtores e consumidores, numa atmosfera de confiança e boa fé.

É importante compreender que os resíduos podem ser uma fonte de matéria-prima que urge ser valorizada. Não é por acaso que um número cada vez maior de agentes económicos empresas e indivíduos) está consciente dos impactes no ambiente dos desperdícios e, consequentemente, dos custos acrescidos que estes impõem às suas actividades quotidianas.

É essencial estabelecer regulamentações e instrumentos económicos para a utilização de tecnologias menos poluentes por parte das indústrias, bem como incentivar a investigação e o design de forma a reduzir os desperdícios. Por outro lado, cada pessoa, no seu dia-a-dia, deve proceder a uma mudança de comportamentos, responsabilizando-se pelos seus actos e, consequentemente, facilitar e colaborar na política dos 3R’s.
REDUZIR

Os papéis e cartões são um dos materiais mais vulgares, úteis e abundantes. Mas isso não significa que devam ser consumidos e deitados fora de forma despreocupada. O consumidor consciente é aquele que racionaliza a utilização do papel e evita o desperdício. È necessário inventariar os produtos que se consomem e analisar em que sectores se obterão economias ou se poderão reduzir ou eliminar consumos supérfluos. Estes actos podem ser traduzidos em medidas pragmáticas, como por exemplo usar panos na cozinha, em vez de toalhas de papel. ~
Reutilizar

Dever-se-ão utilizar os produtos de papel e cartão tantas vezes quanto possível. Existem alguns casos de reutilização interessantes, tais como: voltar a usar papéis de embrulho, capaz de cartolina ou mesmo certas caixas de cartão; usar ambos os lados de cada folha, aproveitando o papel usado para rascunho, etc.

Reciclar

As gerações de hoje têm vindo a originar um aumento considerável da quantidade e da diversidade de resíduos, facto associado à oferta de cerca de 3000 produtos diferentes à base de papel, o que representa um consumo mundial de 630 mil toneladas por dia, dos quais 500 mil são rejeitados.

Reciclar o papel não é mais do que aproveitar as fibras de celulose (também chamadas “fibras secundárias”) existentes nos papéis usados para produzir papéis novos. Refira-se que a desagregação e separação das fibras recuperadas dos papéis usados são operações mais simples do que as utilizadas para extrair fibras da madeira. Depois de usados, os “papéis velhos” são introduzidos no processo, permitindo reduzir a quantidade de pasta de papel necessária para a produção de papel novo (menos árvores a abater), bem como poupar água, energia e possibilitar a diminuição da poluição decorrente do processo.

A reciclagem é uma actividade com um interesse muito grande, quer para a indústria do papel, quer para a sociedade em geral, apresentando vantagens a vários níveis: ecológicos (diminuição do abate de árvores, redução do consumo de água no acto do fabrico); económicos (contribui para a diminuição do défice da Balança Comercial) e energéticos (a produção do papel reciclado consome 2 a 3 vezes menos energia que o papel fabricado à base de fibra virgem). Para produzir 1 tonelada de papel são precisos entre 3.8 e 5.3 Ha de floresta, entre 280 e 440 m3 de água e entre 4750 e 7600 KW/h de energia.

No entanto, a reciclagem não é um processo infinito, pois as fibras só podem ser recicladas, em média, 3 a 5 vezes. Quer isto dizer que, apesar das altas taxas de eficiência que se possam conseguir no processo de reciclagem, haverá sempre necessidade de adicionar fibras virgens para substituir fibras degradadas. Por outro lado, em certos papéis aparecem determinadas substâncias que não permitem a sua utilização para fabricação de papel, como seja a contaminação com produtos orgânicos, bem como materiais que impossibilitam a reciclagem, tais com: papéis sulfurizados, papéis e cartões encerados, parafinados, oleados, papéis de fax, autocolantes, papéis e cartões revestidos ou laminados com filme plástico e/ou folha de alumínio, etc.

Em Portugal, a taxa de recuperação de papel velho representa já cerca de 40% do total de papéis e cartões consumidos! Mas a taxa de recuperação e de reciclagem de papel pode ser aumentada se a recolha e consumo forem devidamente coordenados, ou seja, se existir mercado para produtos resultantes da reciclagem. Assim, e em vez de deitar papéis para o “lixo”, é preciso separá-los, evitando as matérias proibidas (metais, têxteis, madeira, pedras, resíduos orgânicos, etc.) e as matérias inutilizadores ( plásticos, fitas adesivas, agrafos, etc.) do processo de reciclagem. Por outro lado, dever-se-ão exigir produtos reciclados.

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